Com o fim do Verão à porta, todas começamos a pensar nas tendências do próximo ano de 2014: o que se vai usar; o que se vai continuar a usar; o que fica de fora; o que se aproveita, ou não; o que serve de inspiração?!
Para mim, pessoalmente, foi algo complicado arranjar uma inspiração que sentisse ser a mais correcta e as razões são muitas, mas a principal, porque vimos de um ano em que as coisas, economicamente, estiveram muito mal, não só no nosso país, como no resto do mundo e quando todos estamos em crise económica, a moda parece supérflua… mas não é.
A moda tem-se demonstrado uma forte aliada nos tempos de crise, pois permite influenciar a forma de estar das pessoas e a forma como elas enfrentam cada dia que surge. E pensando nisso, a ideia de reinvenção surgiu-me, como inspiração.
Não há nada melhor para acabar com uma má fase do que nos reformarmos, reformar uma casa, um vestido, a nossa vida. Se nos podermos inventar a nós próprios, é lógico que iremos inventar alguém que é capaz de dar a volta à crise, às dificuldades, podemos inventar uma heroína urbana, que se serve de todas as armas da sociedade actual, para tomar as rédeas do seu destino, nas próprias mãos. E foi com este pensamento que surgiu o ponto de partida para a minha nova colecção:
«Uma invenção de nós mesmos.»
A mulher de 2014/2015 será uma mulher que estará atenta à compatibilidade dela mesmo com o mundo, com o ambiente. Utilizará um estilo urbano campestre, que se inspira nos antigos camponeses, mas que se reinventa em cores luminosas como o Verão misturados com semi-tons invernosos e intersazonais e em tecidos que impõe a sua presença através de acabamentos autênticos e elaborados, étnicos e ecológicos. Um estilo casual chique para uma silhueta subtil, porém luxuosa.
Mas será mais do que isso, será uma mulher que vai afirmar pelo seu estilo, a liberdade de exprimir novas atitudes femininas, talvez algo masculinizadas, que vão muito além do que está estereotipado. Usará tons esfumados num tema amplo de urbanismo básico, onde os sexos se misturam e adoptam atitudes e estilos únicos, procurando na sociedade, um canto só seu, como mulher determinada, dinâmica e empreendedora. Uma mulher que se assume no presente, mas que imagina o seu futuro, o futuro que está a criar para si mesma, sempre atenta às suas raízes. Cria uma nova história pessoal, num código tribal próprio, em tons orgânicos e sensuais, com tecidos de efeitos isolados e únicos, volumes sobredimensionados, desestruturados. Renova estampados e ornamentos aplicando uma sofisticação que deseja, secretamente, para a sua vida, com a sedução dos toques orientais.
A auto-afirmação é a chave para imprimir na sua vida, os seus desejos e gostos pessoais. Nem sempre o bom-gosto deve imperar, por vezes, na criação de um novo estilo, de uma nova personalidade, há que sair do que está estabelecido. Procurar no que nunca foi explorado novos códigos de conduta, de estar, de ser. Se o que está pré-estabelecido como bom-gosto sofrer com isso, será um mal menor, será o salto para algo que está além. A excelência dos sabores e gostos passados, transformam-se num luxo sensorial que ajuda a redefinir a noção de qualidade. Os tons escuros em tecidos luxuosos como a seda e o veludo, podem criar uma ilusão de alta-costura controlada, onde as formas redondas devem imperar, como forma de nos recordar que a vida é um círculo e que tudo se renova.
Como exemplo disso, na moda noiva, a linha império, surge como a ancora do passado, mas de forma onde a mulher se apresenta em posse de todo o seu poder de sedução, mostrando as suas formas e imprimindo um estilo, aos vestidos, único: a sua impressão corporal. O seu corpo é o ponto de partida para o vestido, a noiva define o que é, através de si e do seu próprio design, ao contrário de ser o vestuário a defini-la a ela.. Mesmo o classicismo grego se vê aprisionado, aos contornos arredondados da mulher.
Mas como a ideia é você reinventar-se que tal dizer-me o que gostava de ser, quem você gostaria de vir a ser…