Para mim, pessoalmente, foi algo complicado arranjar uma inspiração que sentisse ser a mais correcta e as razões são muitas, mas a principal, porque vimos de um ano em que as coisas, economicamente, estiveram muito mal, não só no nosso país, como no resto do mundo e quando todos estamos em crise económica, a moda parece supérflua… mas não é.
Não há nada melhor para acabar com uma má fase do que nos reformarmos, reformar uma casa, um vestido, a nossa vida. Se nos podermos inventar a nós próprios, é lógico que iremos inventar alguém que é capaz de dar a volta à crise, às dificuldades, podemos inventar uma heroína urbana, que se serve de todas as armas da sociedade actual, para tomar as rédeas do seu destino, nas próprias mãos. E foi com este pensamento que surgiu o ponto de partida para a minha nova colecção:
«Uma invenção de nós mesmos.»
Mas será mais do que isso, será uma mulher que vai afirmar pelo seu estilo, a liberdade de exprimir novas atitudes femininas, talvez algo masculinizadas, que vão muito além do que está estereotipado. Usará tons esfumados num tema amplo de urbanismo básico, onde os sexos se misturam e adoptam atitudes e estilos únicos, procurando na sociedade, um canto só seu, como mulher determinada, dinâmica e empreendedora. Uma mulher que se assume no presente, mas que imagina o seu futuro, o futuro que está a criar para si mesma, sempre atenta às
suas raízes. Cria uma nova história pessoal, num código tribal próprio, em tons orgânicos e sensuais, com tecidos de efeitos isolados e únicos, volumes sobredimensionados, desestruturados. Renova estampados e ornamentos aplicando uma sofisticação que deseja, secretamente, para a sua vida, com a sedução dos toques orientais.
A auto-afirmação é a chave para imprimir na sua vida, os seus desejos e gostos pessoais. Nem sempre o bom-gosto deve imperar, por vezes, na criação de um novo estilo, de uma nova personalidade, há que sair do que está estabelecido. Procurar no que nunca foi explorado novos códigos de conduta, de estar, de ser. Se o que está pré-estabelecido como bom-gosto sofrer com isso, será um mal menor, será o salto para algo que está além. A excelência dos sabores e gostos passados, transformam-se num luxo sensorial que ajuda a redefinir a noção de qualidade. Os tons escuros em tecidos luxuosos como a seda e o veludo, podem criar uma ilusão de alta-costura controlada, onde as formas redondas devem imperar, como forma de nos recordar que a vida é um círculo e que tudo se renova.
Mas como a ideia é você reinventar-se que tal dizer-me o que gostava de ser, quem você gostaria de vir a ser…